sábado, 12 de março de 2011

Gauchão

Grêmio perde jogo e a cabeça


Tricolor, com os reservas, leva 2 a 0 do Cruzeiro-Poa no Olímpico. Carlos Alberto, único titular em campo, leva cartão vermelho

por Alexandre Alliatti

Se fosse um sábado de chuva em Porto Alegre e os céus resolvessem despejar um único raio na cidade, ele cairia sobre o Olímpico. Deu absolutamente tudo errado para o Grêmio em seu primeiro passo na Taça Farroupilha, o retorno do Campeonato Gaúcho. Com a ressalva de que atuou com time reserva, o Tricolor teve rendimento abaixo do digerível, levou 2 a 0 do Cruzeiro em casa e ainda teve técnico e capitão expulsos. Foi um dia para esquecer.

Diego Torres, no primeiro tempo, e Almir, na etapa final, fizeram os gols da vitória do Cruzeiro, a sensação do estadual, que vinha de goleada de 8 a 0 sobre o Porto Alegre. O Grêmio teve apenas um dos seus habituais titulares em campo. E ele decepcionou. Carlos Alberto, com a braçadeira de capitão, acabou expulso na largada do segundo tempo.

Com o resultado, o Cruzeiro se consolida na liderança do Grupo B do returno, com seis pontos em dois jogos. O Grêmio, com uma rodada de defasagem, segue zerado. O time de Renato Gaúcho volta a campo na quinta-feira, no Peru, contra o León de Huánuco, pela Libertadores. O próximo jogo tricolor pelo Gauchão é no domingo, diante do Porto Alegre. O Estrelado, no mesmo dia, visita o Inter de Santa Maria.

Se os cachorros fossem gremistas...

Em algum momento do primeiro tempo, os poucos milhares de gremistas que foram ao Olímpico devem ter cutucado seus pensamentos com uma pergunta: “O que cargas d’água eu estou fazendo aqui?”. Foi uma tarde de sábado com calor forte, daqueles que maltratam a paciência; o jogo, o primeiro do Tricolor no returno, não era lá dos mais importantes; a escalação foi quase totalmente reserva; e, o pior para eles, a atuação foi de doer.

Se os cachorros que acompanham os policiais na beira do campo fossem gremistas e entendessem alguma coisa de futebol, entrariam no gramado para morder os jogadores. O desenho defensivo do Grêmio foi um rabisco, e a produção ofensiva não passou de um conjunto vazio nos primeiros 45 minutos. Até houve uma ou outra chance de gol, mas nada capaz de tirar o bocejo impregnado na alma dos corajosos gremistas que se animaram a ir ao estádio. Renato Gaúcho, na beira do campo, quase entrou em surto com a má jornada de seus reservas.

O Tricolor começou o jogo dando a falsa impressão de que iria bem. O garoto Emerson, melhor figura azul no primeiro tempo, recebeu pela esquerda e encobriu o goleiro do Cruzeiro logo com dois minutos de partida. A zaga estrelada cortou a bola antes que ela entrasse. Desvio de cabeça de Carlos Alberto, gol perdido por Diego Clementino e conclusão torta de Maylson se sucederam como raras chances para o Grêmio.

Renato Gaúcho Grêmio (Foto: Ag. Estado)Renato Gaúcho se irritou no segundo tempo, invadiu o campo e foi expulso (Foto: Ag. Estado)

O Cruzeiro foi mais efetivo. Em uma aula de contra-ataque, com troca de passes rápidos, objetivos, sempre na vertical, os visitantes alcançaram o gol aos 32 minutos da etapa inicial. A conclusão foi de Diego Torres, olhos nos olhos com o goleiro Matheus, que antes já havia evitado chance clara, nos pés de Jô.

Talvez por culpa do calor, o Grêmio teve problemas técnicos no primeiro tempo. Maylson não se encontrou na lateral direita, Vinícius Pacheco pouco fez no meio, Diego Clementino e Wesley mal deram sinal de vida no ataque. O Cruzeiro, mesmo sem o controle da bola na maior parte do período, foi um time mais condensado, com jogadas volumosas, com compreensão de movimentos. Encerrada a etapa inicial, o Tricolor não tinha do que reclamar: era reagir ou assimilar a derrota.

Era ruim, ficou pior

Veio o segundo tempo, e piorou o panorama gremista na partida. Carlos Alberto, que já tinha cartão amarelo por falta cometida na etapa inicial, tentou cavar pênalti, foi novamente advertido e acabou expulso. Renato Gaúcho, revoltado, invadiu o campo, bronqueou com o árbitro quase nariz com nariz e também foi excluído da partida - ainda ficou alguns minutos no banco, mas depois teve que rumar para o vestiário.

A situação esquentou o time do Grêmio, que teve, no intervalo, as entradas de Saimon e Mateus Magro nos lugares de Mário Fernandes e Vinícius Pacheco. Curiosamente, a reação foi positiva, e o Tricolor deu sinais de que poderia empatar a partida. Neuton fez ótima jogada pela esquerda e quase forçou o goleiro Fábio a engolir frango. A bola saiu rente à trave.

Mas aí pesou a vantagem numérica do Cruzeiro. Matheus voltou a fazer grande defesa, em conclusão de Diego Torres dentro da área. Mas o goleiro não pode pegar todas. Após ótima triangulação, Almir completou para o gol aos 17 minutos. O Estrelado fazia 2 a 0 no Olímpico.

O Grêmio correu o risco de padecer com um resultado ainda pior. O Cruzeiro seguiu insinuante e chegou a acertar o travessão de Matheus. O time da casa, fragilizado, não teve forças para reagir. Acabou engolido por uma derrota em um daqueles dias em que nada dá certo.

Sorte que não houve raios em Porto Alegre. E que os cachorros que acompanham os policiais não entendem nada de futebol..

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